Com o sucesso estrondoso do Universo Cinematográfico Marvel e o crescente aumento de novos leitores de quadrinhos, a Marvel lançou em 2013 uma nova linha de publicações, a Graphic Novels Originals (Marvel OGN): histórias fechadas e independentes de cronologia, facilitando a vida dos iniciantes no mundo das HQs, além de dar às equipes criativas a liberdade de criar histórias que não precisem se encaixar no cânone. Dentro desta iniciativa, Rick Remender, Jerome Opeña e outros artistas trouxeram uma versão alternativa dos Vingadores lutando contra um velho inimigo.
Criado por Roy Thomas e John Buscema, o robô humanoide Ultron apareceu pela primeira vez em Avengers #54 de julho de 1968, desde então o "filho" de Hank Pym se tornou um dos vilões mais recorrentes e importantes dos Vingadores, ao lado de Kang, o Conquistador, Loki e Thanos, antagonizando várias histórias clássicas da Marvel, como Ultron Ilimitado, Era de Ultron e até transcendendo as fronteiras espaciais da Terra e deixando um pouco as histórias de seus oponentes tradicionais, sendo o principal vilão da saga cósmica Aniquilação²: A Conquista. Tal histórico vilanesco lhe rendeu um dos filmes mais relevantes do UCM, responsável por grande parte dos desdobramentos que levariam à Guerra Civil e, posteriormente, à Guerra Infinita.
Roteiro
Após uma batalha inicial eletrizante entre os Vingadores e Ultron, o vilão cai em uma armadilha elaborada por Hank Pym e é lançado em direção ao espaço, levando os Heróis Mais Poderosos da Terra a acreditarem que acabaram com a ameaça androide de uma vez por todas.
Vagando pela imensidão do espaço, Ultron encontra outro planeta, com outra raça a ser subjugada, totalmente vulnerável por ser desprovida de heróis capazes de combate-lo. Titã, lua de Júpiter e terra natal de Thanos e sua família, é facilmente dominada pela inteligência artificial homicida, fazendo com que Starfox, o irmão do Titã Louco, peça ajuda aos Vingadores. Porém, a equipe que ele encontra é muito diferente daquela que ele fez parte anos atrás.
Na Terra, Os Vingadores em sua nova formação, com Sam Wilson como Capitão América, Jane Foster como Thor e outros membros debutantes como Dentes-de-Sabre e Homem-Aranha, estão combatendo os Descendentes, um grupo de seres artificiais que, assim como Ultron tem planos para subjugar a humanidade. Mas Hank Pym, agora com a alcunha de Gigante, cria um dispositivo que põem um fim definitivo nesse tipo de ser artificial, desativando-os para sempre.
Esse novo método de combate à esses inimigos gera um dilema ético entre os integrantes da equipe, já que o humanoide Visão é uma forma de vida artificial, assim como os Descendentes, fazendo-o se questionar como é visto pelos seus colegas. Também por isso, Hank, que é um dos membros fundadores dos Vingadores, é desacreditado e sua opinião é quase irrelevante para as decisões da equipe, além disso ele ainda se sente culpado por ter enganado seu "filho" e o mandado para o espaço. Esses conflitos ético-morais que Rick Remender insere na trama elevam o nível do roteiro para além de uma simples pancadaria desenfreada, dosando muitíssimo bem a ação com momentos mais reflexivos.
Com Titã sob o controle de Ultron e seu retorno à Terra para se vingar de seu pai, as indagações se intensificam ainda mais. Ultron e as demais inteligências artificiais devem ser tratados como humanos ou meros robôs? Mata-los, ou desliga-los, é o correto a se fazer? Visão deve receber o mesmo tratamento ou tem algo nele que o diferencia dos demais? Essas perguntas instigam os leitores e traz à tona questões raciais, familiares e sobretudo morais, como o medo e aversão de tudo aquilo que é diferente e fora do padrão.
Veredito
Tais questionamentos só engrandecem a ótima narrativa criada por Remender, acrescentando camadas a já rica história de Ultron, com seu complexo de Édipo distorcido e suas relações familiares conflituosas. Ação e filosofia entram em harmonia nessa graphic novel curtinha e de fácil leitura, mas com uma carga emotiva e filosófica capaz de levantar questões no mundo real, como paternidade e discriminação, através de elementos ficcionais típicos dos quadrinhos.
A medida que a trama avança, as batalhas vão ganhando ares cinematográficos e as cenas épicas tiram o fôlego, preenchendo as páginas com um jogo de cores que nos faz querer destaca-las e emoldura-las. Tal qualidade visual se deve aos desenhistas Pepe Larraz e Jerome Opeña, que mesmo com estilos diferentes, dão uma unidade à arte, especialmente pela mudança no tom da HQ, que é mais nostálgico e de cores vibrantes no início, quando aos Vingadores originais ainda estão em cena, e um olhar mais sombrio e obscuro no restante da história, indicando que os Vingadores do presente/futuro ainda tem uma imagem dúbia e incerta, características que foram acentuadas pelas belas cores, que ficaram por conta de Dean White, Rachelle Rosenberg, Dono Sánchez-Almara, colaborando e muito para experiência.
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