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Foto do escritorLeo C. Arantes

Contágio - Marvel 2020

Atualizado: 9 de mai. de 2021


- Estamos vivendo uma pandemia?

- Sim senhor.

- Então o que estão esperando para fazer uma história sobre uma doença contagiosa e mortal?


Esse poderia muito bem ser o diálogo na reunião de brainstorm da Marvel que deu origem a "Contágio", se a revista não tivesse seu primeiro número publicado em outubro de 2019, apenas um mês antes dos primeiros casos relatados de covid-19 na China.

Roteiro

Três cadáveres são encontrados por monges em Kun Lun cobertos por um misterioso fungo colorido. Ao buscar ajuda, um dos monges é infectado e quando as autoridades chegam ao local percebem que um dos corpos desapareceu.


A milhares de quilômetros dali, na estação de metrô desativada da Rua Yancy em Nova York um grupo de adolescentes é atacado por um homem misterioso, que captura uma garota. Um deles consegue escapar e pedir ajuda ao Coisa, que ao chamar os outros membros do Quarteto Fantástico, os expõem à doença, revelando um problema ainda maior: o homem que está espalhando a infecção é O Maltrapilho, vilão que espalhou o fungo e absorve os poderes daqueles que são infectados por ele, enquanto seus corpos permanecem num estado semelhante ao coma.

A doença se alastra com rapidez e infecta boa parte Nova York em pouco tempo, inclusive vários heróis, que caem facilmente ante o perigo desconhecido que o inimigo oferece. A partir disso uma corrida contra o tempo se inicia para salvar os infectados e evitar que outros também o sejam.


É interessante como o roteirista Ed Brisson inclui vários heróis na trama, fazendo um tipo de crossover na minissérie, mas sem dar importância demais para os mais conhecidos, como os Vingadores ou o Doutor Estranho. Muito pelo contrário, os protagonistas são o segundo escalão dos heróis urbanos, como Jessica Jones, Punho de Ferro, além do Coisa e um grupo de mágicos que se auto-intitulam M.O.L.E. (Mágicos Organizados Numa Liga Especial).

O clima de terror causado pela doença mortal está presente do começo ao fim, o que é intensificado principalmente pela aparência dos infectados, que mais parecem uma mistura entre os zumbis de The Last Of Us e o visual de filmes trash como A Bolha Assassina e A Mosca. A maneira como o roteiro se desenrola, com reviravoltas que pioram a vida dos heróis a cada momento, gera uma tensão crescente a cada página virada.


A batalha final e o desfecho são bem interessantes, especialmente por utilizarem recursos pouco genéricos e por dar mais importância e responsabilidade a personagens que raríssimas vezes estão diante dos holofotes do grande público, como o Cavaleiro da Lua, por exemplo.

Veredito

Contágio é uma ótima história para quem quer ler algo descompromissado com cronologia ou com os mega-eventos que vez ou outra tomam conta de todo o universo Marvel dos quadrinhos. O roteiro de Ed Brisson é muito bem encaixado e desenvolve, na medida do possível, a maioria dos personagens envolvidos na trama, além de criar uma situação muito adversa aos heróis, requerendo soluções mais elaborados do que a simples pancadaria costumeira. Muito da experiência de ler quadrinhos deriva da arte empregada na obra e nesse caso a grande equipe de desenhistas colaborou bastante para a qualidade desta HQ, principalmente pela paleta de cores utilizada, que acentua a estranheza causada pelo fungo colorido, mas alivia de certa forma o horror da praga que se alastra por Nova York. E, apesar de vírus e pandemias serem temas recorrentes no mundo das HQs, Contágio é uma boa diversão, trazendo uma boa dose de originalidade e situações ameaçadoras para os heróis da Casa das Ideias.


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