Esses dois gibis do Mago Supremo contam, praticamente a mesma história, porém de pontos de vista diferentes: após a saga Império Secreto, Las Vegas é totalmente destruída e Stephen Strange tenta reconstruí-la usando sua magia; mas como ele próprio diz, “a magia sempre cobram um preço”. Ele não consegue lidar com as consequências de seus atos impensados e uma grande ameaça à humanidade surge, o que obrigado Wong a reunir um grupo de desajustados para partir em uma missão suicida em resgate de Stephen.
Apesar Donny Cates (novo queridinho da Marvel) roteirizar ambas as histórias, o que teoricamente deveria trazer certa coesão ao enredo, Danação, que também é corroteirizada por Nick Spencer, está bem abaixo do nível de Cidade do Pecado. Cada uma deles tem um foco diferente; um em Wong e em sua equipe de “Filhos da Meia Noite” e sua luta para resgatar Strange e outro foca-se no outro lado da moeda, na batalha de Stephen e Os Vingadores contra as forças de Mephisto. Enquanto a história focada em Wong e seus companheiros é um bocado lenta, levando uma edição inteiro apenas para mostrar o mago indo buscar e convencer cada (anti)herói, o que torna essa bem arrastada e maçante. Sentimentos que retornam no segundo terço do encadernado que perde muito tempo para finalizar a missão de Johnny Blaze (Motoqueiro Fantasma) no último círculo do inferno, dando aquele nervosismo típico de quando alguém está falando demais sem chegar a uma conclusão logo. Além de outros problemas gerais como tramas e personagens secundários aparecendo convenientemente, sem ter sido afetado pelo ocorrido em Las Vegas e explicações de mais onde não eram necessárias e explicações de menos onde era desnecessário.
Cidade do Pecado não chega a ser obra de arte, ou um clássico indispensável aos amentes da nona arte, mas cumpre o seu papel, dá uma resolução a toda problemática criada no início da narrativa e o melhor, sem rodeios e problemas se acumulando a cada página virada. Aqui, Donny Cates aborda muito bem os conflitos internos de Stephen, que depois de um ano conturbado só quer colocar a vida em ordem, mesmo que isso seja quase impossível para ele. Sua vida pessoal interfere em seus julgamentos, principalmente quanto a ter amigos; Strange, frequentemente, diz que não tem amigos, mesmo estando rodeado dos Vingadores que lutam fervorosamente ao lado dele. Seu receio de contatar uma velha amiga também o abate, deixando-o mais vulnerável às ilusões de do Senhor do Inferno.
Não espere uma saga excepcional do Doutor Estranho, essas duas HQs são apenas mais do mesmos, belos exemplares de histórias “ok”, que funcionam bem como leituras casuais, mas nada além disso, sendo esquecidas logo após a última página. Vale elogiar a boa arte de Cidade do Pecado, as ilustrações de Niko Henrichon e Frazer Irving, que também faz as cores em parceria com Laurent Grossat, casam muito bem com o enredo, fazendo uma ambientação muito boa com a psicodelia característica dos quadrinhos de Stephen Strange. No fim das contas Cidade do Pecado é melhor desenvolvida, desenhada e com resoluções mais objetivas e conclusivas, merecendo uma nota maior (4 joias) em comparação com Danação, que leva apenas 2 joias do infinito por sua confusão de ideias mal construídas e concluídas, muitas vezes parecendo ter sido escritas as pressas.
4 JOIAS DO INFINITO
2 JOIAS DO INFINITO
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