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  • Foto do escritorLeo C. Arantes

Inimigos Imaginários

Atualizado: 4 de abr. de 2022


Uma das últimas publicações no extinto selo Vertigo, Inimigos Imaginários é um romance policial/thriller psicológico que insere elementos sobrenaturais ao longo da investigação, criando uma narrativa que lembra outras obras, como Arquivo X e as primeiras temporadas de Supernatural, por exemplo.

Roteiro

Melba Li é um jovem prestes a completar 18 anos e vive em uma instituição psiquiátrica por ter cometido um crime que jura não ser a culpada. Segundo ela, a verdadeira mandante do crime é sua amiga imaginária, que a induziu a assassinar sua amiga de infância, Brinke Calle, quando ainda tinham cerca de 8 anos de idade.


Seu aniversário está próximo e com ele a transferência para um presídio federal será feita, para que cumpra o que resta de sua pena. Mas antes que isso aconteça, o agente do FBI Virgil Crockett, aparece e releva fazer parte de uma divisão que investiga crimes relacionados a supostos amigos imaginários, chamados PIMs (Parasitas Interdimensionais Mentais), criaturas de outra dimensão que se aproveitam de mentes frágeis e vulneráveis, geralmente crianças, para se alimentar de seus medos e são vistos apenas por seus hospedeiros.


A ligação de Melba com sua amiga imaginária era tão grande, que ela é uma das poucas pessoas que, mesmo depois de passada a infância, ainda consegue ver e interagir com outras criaturas. Sabendo disso o agente federal oferece liberdade à jovem caso ela decida usar esse seu poder nas investigações, que aceita sem muita cerimônia e eles partem para investigar o desaparecimento misterioso de um garotinho em uma pequena cidade do interior do Kentucky.

Nesse ponto a narrativa assume um caráter investigativo visto várias vezes na cultura pop, lembrando bastante séries de investigação paranormal como as já citadas Arquivo X e Supernatural, recorrendo ao clichês dos dois parceiros se separando a la Scooby Doo e encontrando pistas que se encaixam, mas que somente nós leitores conseguimos uni-las e tirar conclusões sobre o que está acontecendo. O fato de apresentar características comuns do gênero não é demérito algum, contando que o seu desenrolar não seja uma mera lista de atos a serem executados. Quanto a este aspecto o roteiro até tentar entregar uma solução interessante, mas não consegue ser muito original.


Na parte final, Melba e Crockett, ainda separados, mas bem próximos de encontrar pistas definitivas da conspiração que age no local, se deparam com obstáculos que os impedem de se reencontrar e solucionar o caso; com isso eles recorrem aos seus "amigos imaginários" para ajuda-los. Dois pontos incomodam nessa conclusão: a pressa com que ela é realizada e como algumas convenções narrativas são criadas para que a história chegasse a um desfecho.


O encadernado é divido em seis edições originais de Imaginary Fiends, com um ritmo bem cadenciado, dando tempo até de uma edição completa ser usada para fazer um flashback da história de Polly Pesseguda, a amiga imaginária de Melba Li, e seu marido Cecil Cereja-Preta, que agora se aliou a Cameron Calle, irmão mais velho de Brinke, a garota assassinada por Melba, para os dois encontrem sua vingança. Porém as duas últimas edições são bem mais aceleradas, exigindo soluções mais rasas e menos convincentes que o resto da história, como por exemplo quando Cameron encontra Melba e finalmente tem a chance de mata-la, mas desiste depois de um simples diálogos entre os dois e até a ajuda a encontrar uma maneira de chegar até o agente Crockett.


Outro problema são os recursos que o roteiro usa para chegar aonde quer chegar, como a imaginação de um personagem se tornar real para outras pessoas dentro deste universo, sem que essa hipótese tenha sido citado anteriormente

Veredito

Inimigos Imaginários é uma boa HQ de terror psicológico mas que peca em alguns aspectos especialmente em seu clímax. O desenvolvimento tanto da trama em geral, quanto dos personagens é muito bem feito, especialmente na criação do ambiente desconfortável e o sentimento de que a qualquer momento alguma coisa pode mudar o rumo da investigação. Toda a mitologia por traz dos amigos imaginário também é bem construída, apresentando explicações plausíveis para sua existência dentro do universo criado para a história. Porém, a partir da penúltima edição presente no encadernado, o ritmo acelera, mais do que o usual para um desfecho convencional, e passa a apresentar soluções rápidas e simplórias demais diante de tudo o que foi mostrado até então. Talvez mais uma edição, ou mais algumas páginas poderiam dar o respiro que a trama precisava para continuar na cadência apresentada no desenvolvimento. Entre erros e acertos, Inimigos Imaginários fica dentro do nível das últimas publicações do extinto sele Vertigo, classificando-a apenas como uma HQ de premissa muito interessante, mas que não foi muito bem trabalha, e sobretudo que não soube ser encerrada.


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