Mais um título lançado pela Guará Entretenimento para se juntar ao universo de super-heróis brasileiros. Desta vez situado num Brasil pós apocalíptico uma equipe a la Os Novos Titãs, se reúne para combater a aristocracia que vive isolada nas grandes metrópoles governando com mão de ferro as regiões periféricas do país.
A edição número 1 de Os Desviantes é claramente uma história de origem, sobretudo de alguns dos integrantes da equipe; ela mesmo não é sequer mencionada, muito menos chega se reunir definitivamente, ficando restrita à gênese de dois dos três personagens: Fióti e Tom, deixando a apresentação de Anita e sua origem para a próxima edição.
Roteiro
Numa Rio de Janeiro completamente destruída, a sociedade é dividida em castas, exilando os miseráveis ainda mais nas áreas marginais através de uma grande muralha, concedendo aos mais abastados a segurança de viver nas regiões mais prósperas da cidade sem serem importunados, numa espécie de Fortaleza, como é chamada a estrutura. Entre este impasse sócio-econômico encontra-se um conflito político-militar, travado pela Resistência, grupo de guerrilheiros organizado do lado de fora da Fortaleza e que deseja mais igualdade nas relações e no acesso aos recursos.
Fióti, o irmão mais novo de Isaías Caveira, um dos líderes da Resistência, manifesta uma tolerância anormal à ação da eletricidade após ser o único sobrevivente de um acidente no metrô, a caminho de uma reunião entre os comandantes da resistência, que aconteceria no Maracanã, e acaba servindo como cobaia em um experimento da C.A.T.H.A., o Centro de Adaptação e Aprimoramento do Genoma Humano e Tecnologias Aplicáveis.
Outro protagonista importante na trama é Tom, um garoto paraplégico, que assim como outras cobaias da Fortaleza, sofre experimentos transumanos, mas feitos pelo seu próprio pai, a fim de que volte a andar, transformando-o num ciborgue e conferindo-lhe o poder de se comunicar e manipular qualquer equipamento eletrônico.
Veredito
A trama sofre com alguns clichês bem conhecidos dos fãs deste gênero, como o uso de de jovens pobres como cobaias em experimentos científicas e a presença de uma organização que realiza tais experimentos e a diferença muito nítida entre bem x mal, o que pode estragar a experiência de leitores mais exigentes. Mas guardadas as proporções é uma boa porta de entrada para os heróis brasileiros, explorando dois mundos bem distintos, a fantasia de um mundo futurista e pós apocalíptico e os conflitos ideológicos-tecnológicos tão discutidos hoje em dia. Um elogio muito pertinente a se fazer é à ambientação que os roteiristas Gabriel Wainer e Rafael Kraus dão ao enredo, não citando apenas a favela como um ponto reconhecível da Cidade Maravilhosa, mas também outras localidades famosas como por exemplo o já citado Maracanã e o Museu do Amanhã em Niterói, sem contar arte de Juliano Henrique, Giovanna Cianelli e Alzir Alves que contribuem e muito para a qualidade gráfica da obra.
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