Assim como em Missão no Mar Vermelho, com Chris Evans, o Capitão América, e À Queima-Roupa, com Frank Grillo (Ossos Cruzados) e Anthony Mackie (Falcão), a Netflix tem apostado em estrelas do Universo Marvel para elevar a qualidade de suas produções originais e Resgate é mais um filme nesses moldes, vinculando o longa diretamente à imagem de Chris Hemsworth, o Thor, para angariar fãs. Estratégia que deu certo, já que o filme já é o mais visto da plataforma deste sua estreia em 24 de abril.
O longa ainda conta com outros membros da equipe da Marvel, como os irmãos Russo, diretores de Vingadores Guerra Infinita e Vingadores Ultimato, que produziram o filme e o diretor estreante Sam Hargrave, ex dublê de Chris Evans nos filmes do Capitão América e coordenador de dublês em Atômica e em vários filmes da Casa das Ideias.
Roteiro
Tyler Rake (Hemsworth), é um mercenário contratado para resgatar o filho de Ovi Mahajan (Pankaj Tripathi), um chefão do tráfico de Bangladesh. O garoto, Ovi Mahajan Jr (Rudhraksh Jaiswal), foi sequestrado por Amir Asif (Priyanshu Painyuli), maior inimigo de seu pai e líder do crime organizado da capital Dhaka.
Sim o roteiro é basicamente isso. Claro que temos subtramas, mas nada muito elaborado, pois a principal atração do longa é a ação desenfreada, com a história principal servindo apenas como uma premissa para a pancadaria, que é muitíssimo bem coreografada e agrada aos fãs desse tipo de filme.
Falando em pancadaria, as melhores cenas são protagonizadas por Tyler e Saju (Randeep Hooda), o chefe de segurança de Ovi Mahajan Sr. que também está a procura do garoto sequestrado, a fim de proteger sua família, ameaçada de morte caso ele não recupere o herdeiro do criminoso, e que ao longo do filme se alia ao mercenário para salvar a vida do menino e derrotar as forças policias corruptas comandadas por Amir Asif.
O roteiro, apesar de simples, é desenvolvido de maneira que o espectador não fique sufocado com uma cena de ação depois da outra, e as subtramas, mesmo que rasas, já dão um background suficiente para entendermos as motivações de cada personagem. Como por exemplo a dos garotos recrutados por Amir para matar Tyler, trama que lembra bastante o filme brasileiro Cidade de Deus e que rende personagens e cenas interessantes.
Direção e Elenco
O diretor estreante Sam Hargrave conduz o filme de forma protocolar, utilizando alguns clichês já conhecidos do cinema de ação, mas que não atrapalham na imersão do espectador. Vale ressaltar que as perseguições e cenas de ação, especialidades de Hargrave, são de tirar o fôlego, com destaque para um plano-sequência de incríveis 12 minutos, filmado pelo próprio diretor que se pendurou do lado de fora de um carro para tal façanha.
O elenco apesar de pouco conhecido do grande púbico, é recheado de atores de Bollywood (cinema indiano), e alguns que já fizeram papéis em produções ocidentais, como Golshifteh Farahani (Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar), que interpreta Nik, chefe da equipe de mercenários e líder de Tyler. David Harbour (Stranger Things, 007 - Quantum of Solace) tem uma breve participação como Gaspar, antigo amigo de Tyler, além do próprio Sam Hargrave, que faz uma ponta como um dos integrantes da equipe de mercenários.
O jovem ator Rudhraksh Jaiswal, que interpreta Ovi, o menino sequestrado, tem um carisma único e faz uma dupla agradável com Hemsworth, com quem contracena a maior parte do tempo. O peso de ser filho de um criminoso internacional confere a ele uma carga emocional intrigante e sua curiosidade pelo passado de Tyler Rake nos ajuda a conhecer mais o protagonista, que se encontra em uma tristeza profunda.
Veredito
Como disse anteriormente, Resgate é apenas um filme de ação sem muitas pretensões, mas que cativa os fãs pela ação, foco central da produção, e pela presença do astro Chris Hemsworth, principal atrativo da produção da Netflix. Seu roteiro, apesar de simples, consegue causar tensão e os dramas de cada personagem criam o mínimo de envolvimento necessário para que queiramos saber o desfecho de cada um deles. Já as cenas de ação são excelentes, abusando do estilo realista, consagrado pela franquia John Wick. O longa, a despeito de pecar em alguns aspectos importantes, como os coadjuvantes genéricos e esquecíveis e no filtro amarelado muito forte, esteriótipo típico de países subdesenvolvidos quando retratados por Hollywood, agrada por o que se espera de um filme de ação, boas cenas de luta, perseguições alucinantes e uma sensação de "quero mais" e uma pulga atrás da orelha deixada pelo final ambíguo.
4 JOIAS DO INFINITO
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