Você pode pensar que Velho Gavião Arqueiro é só mais um daqueles títulos caça niqueis que são lançados para, única e exclusivamente, surfar na onda de grandes sucessos. Talvez a intenção inicial da Marvel tenha sido essa mesmo, mas Oldman Hawkeye, no original, vai muito além disso; expande o universo de Velho Logan e dá mais profundidade ao parceiro de jornada do Carcaju.
A história se passa 5 anos antes de Oldman Logan e conta como Clint Barton, após errar uma flechada, descobrir que está ficando cego. Após um diagnóstico mais exato de Claire Temple, que o informa que seu glaucoma já está em um estágio avançado, Clint parte em uma jornada de vingança, contra aqueles que mataram seus amigos, antes que perca totalmente a visão e seja impossível executar seu plano.
Ethan Sacks captou bem o clima que Mark Millar empregou, muito bem, na obra original; claro, ele não é extraordinário como seu colega, mas os diálogos ríspidos, bem no estilo “curto e grosso” e as relações pessoais quase sempre indiferentes, condizem bem com a ambientação a la velho oeste, que, mesclada a uma sensação pós-apocalíptica, causada por toda destruição conduzida pelos vilões há 50 anos traz de volta aquele sentimento de sequidão, de um ambiente quase depressivo, mórbido, onde a esperança foi a primeira a morrer e a humanidade definha nas mãos dos vilões.
Se o roteiro de Sacks é admirável, seria praticamente impossível criar toda a ambientação western sem uma arte que transmitisse o clima seco, arenoso e pueril do oeste; e a dupla Marco Chechetto (desenhos) e Andres Mossa não deixam a desejar. A arte suja de Chechetto miscigenada às cores vívidas e ao belo trabalho de sombras de Mossa passa muito bem a sensação desagradável do clima árido do deserto, mas não menos fascinante, como se estivéssemos contemplando um clássico de Clint Eastwood, como Por Uns Dólares a Mais.
Velho Gavião Arqueiro não é uma obra excelente, digna de ser lembrada entre o panteão de melhores HQ’s da História, como sua antecessora, mas cumpre o prometido e expande o universo pós-apocalíptico de Velho Logan, revelando traços da vida pregressa de Clint Barton, seus dramas pessoais com sua filha e, principalmente, sua revolta com a mira, antes excepcional mas que agora começa a falhar. A série, apesar de não estar no primeiro escalão da Nona Arte ainda se difere da grande parte das publicações atuais, tanto pela arte que é realmente exuberante, quanto pelo roteiro coeso e muito bem encaixado, que não enrola para chegar onde quer nem cria expectativas que não possa satisfazer.
4 JOIAS DO INFINITO
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